Para
quem não sabe, o pernambucano tem quatro oportunidades durante o ano para
celebrar de forma oficial seu ritmo maior. Além do 09 de fevereiro, o Frevo
comemora dia festivo também em 06 de setembro, 14 de setembro e 1° de
novembro. Com tantos motivos para exaltar a música e a dança genuínas do
estado, fica a dúvida: Será que essas datas fornecem suficientemente a devida
representatividade ao ritmo, ou confundem ainda mais as cabeças e mentes dos
foliões desavisados?
Recentemente
intitulado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, o frevo exerce
fascínio suficiente para ser reverenciado o ano inteiro, no entanto, se
soubermos a origem de cada comemoração e compreendermos melhor os motivos de
tanta festa, poderemos venerar com maior consciência os valores da terra.
Conheça agora como se deu a concepção das diferentes datas, e em que época do ano podemos comemorá-las.
14 DE SETEMBRO - DIA
NACIONAL DO FREVO
Conhecido como o Dia
Nacional do Frevo, 14 de setembro já era popular bem antes da atual data que é
comemorada pelos recifenses no mês de fevereiro. Segundo o pesquisador e
escritor Leonardo Dantas Silva, em conversa informal, relatou que: “a data diz
respeito ao nascimento do jornalista Osvaldo da Silva Almeida (cognominado de
Paula Judeu), que nascera em 14 de setembro de 1882, e a ele era atribuída à
criação da palavra "frevo"", referida por Valdemar de Oliveira no
livro Frevo, Capoeira e Passo. Ainda segundo Dantas, “a data de 14 de setembro
(Dia do nascimento de Paula Judeu), foi bastante comemorada pela EMETUR
(Empresa Metropolitana de Turismo), extinta em 1979, tendo até um frevo
instrumental de Nelson Ferreira alusivo”.
Acredito que esteja ai a origem da celebração neste mês, que, provavelmente, foi aproveitada pelos dirigentes públicos para ser lembrada em âmbito nacional. Porém, a data caiu em desuso por conta das investigações implementadas pelo pesquisador Evandro Rabelo no inicio da década de 1990, indicando 09 de fevereiro de 1907, como sendo a primeira vez em que o vocábulo “Frevo” surgiu num jornal do Recife.
Na contramão das
descobertas locais, e sem levar em conta a nova data que passou a ser divulgada
no Recife, o então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto em 13 de
janeiro de 2009, juntamente com o ministro interino da Cultura, Alfredo de
Pereira Mendes, instituindo várias datas para homenagear a música brasileira,
dentre elas, estava o frevo. A partir disso, 14 de setembro passou a ser
oficialmente, através de Lei Federal, o Dia Nacional do Frevo. Os registros
anteriores devem ter justificado a escolha dessa data, entretanto,
caracteriza-se como uma prova de que os responsáveis por ela não tiveram a
devida sensibilidade e nem levaram em consideração o achado histórico anteriormente pesquisado, desrespeitando a memória cultural do nosso povo.
9 DE FEVEREIRO
- DIA DO FREVO
Como relatamos acima,
o pesquisador Evandro Rabelo na década de 1990, apresentou a informação
inédita, deixando cair por terra a ideia de que seria o jornalista Osvaldo de
Almeida o inventor da palavra Frevo. Para Rabelo, o primeiro registro aconteceu
numa publicação do antigo Jornal Pequeno em 1907, em que o Clube Empalhadores
do Feitosa (sediado na antiga localidade do Feitosa, hoje bairro do Hipódromo,
no Recife) anunciava um ensaio da agremiação, e entre as canções previstas para
serem executadas, uma tinha o título de O Frevo. O então vereador Valdemar Luís
Borges, valendo-se das descobertas de Rabelo, propôs a criação de uma lei
municipal, considerando 09 de fevereiro como o Dia do Frevo. A data passou a
servir de base para diversos outros estudos e impulsionou os preparativos para
a comemoração do centenário do ritmo em 2007. Neste ano, o Ministro da Cultura
Gilberto Gil, junto com o IPHAM, concedeu ao mesmo, o título de Patrimônio
Cultural Imaterial do Brasil.
6 DE SETEMBRO -
DIA DO FREVO DE BLOCO DE OLINDA
Também no mês de
setembro, o público olindense tem seu dia dedicado às agremiações de Pau e
corda. Comemorado pela primeira vez em 2012, o dia do Frevo de Bloco de Olinda
é uma conquista da Liga dos Blocos Líricos de Pernambuco, criado através de lei
municipal do vereador Ubiratan de Castro. Festejado anualmente no dia 06 de
setembro, a data é uma homenagem a um grande carnavalesco já falecido e que
dedicou sua vida aos blocos líricos, Teodomiro Pereira.
1° DE NOVEMBRO - DIA
DO FREVO DE BLOCO
Outro momento de
reverenciar os blocos é no dia 1° de novembro. A data foi instituída em alusão
ao centenário de nascimento do compositor Edgar Moraes, completados no ano de
2004. Edgar foi fundador de diversos blocos no carnaval e um dos principais
responsáveis pelas mais belas páginas musicais do gênero. Edgar era conhecido
no meio artístico como o "General Cinco Estrelas da Folia".
A lei que proclamou a data é do vereador Luiz Helvécio. Daí pra frente, as agremiações do gênero se reúnem anualmente na primeira noite do mês de novembro no Pátio de São Pedro, centro do Recife, para festejar o lirismo dos antigos carnavais e continuar firme com a tradição dos blocos de pau e corda.
A lei que proclamou a data é do vereador Luiz Helvécio. Daí pra frente, as agremiações do gênero se reúnem anualmente na primeira noite do mês de novembro no Pátio de São Pedro, centro do Recife, para festejar o lirismo dos antigos carnavais e continuar firme com a tradição dos blocos de pau e corda.
Ter uma ou mais
ocasiões para exaltarmos o frevo sempre será válido, o bom seria que fosse
festejado todos os dias do ano. No entanto, mesmo existindo uma lei no Recife (não respeitada),
que obriga sua execução nas rádios diariamente, o frevo vem lutando
incansavelmente para manter sua hegemonia e sobreviver na atualidade sem perder
a essência e os elementos que o caracterizam como a mais importante
manifestação cultural do Nordeste do Brasil com uma dança e uma música
buliçosas que agitam o povo pernambucano há mais de cem anos. Lembrando que
seus adeptos têm um mês inteiro no período momesco para reverenciá-lo.
Para os Guerreiros do
Passo, qualquer motivo é pretexto para dançar e ouvir frevo, pois, nos
habituamos por meio do incentivo do Mestre Nascimento do Passo a vivenciá-lo o
ano todo. Evoé!
Eduardo Araújo
Foi muito esclarecedor o texto acima explicado.Agora, cabe a nós tirarmos do papel e colocar na prática.Não estou me referindo aos devotos do FREVO, mas sim aos pernambucanos em geral.Vamos nos valorizarmos, devolvendo ao FREVO o que foi retirado, o direito de ser executado espontaneamente. As regras quem dita são os foliões. A mídia deixaria de ser hipócrita e através dos seus potentes transmissores, divulgavam de forma imparcial o nosso REI DO RITMO.
ResponderExcluirSe isto vier a acontecer, gostaria que todos os anos fossem BISSEXTO.Só assim teria certeza de que o FREVO tocaria um dia à mais durante o ano.Seio que jamais acontecerá.Pois geograficamente não tem a mínima condições.Entretanto, se tivesse de apostar entre a GEOGRAFIA e a vontade dos nossos GONVERNANTES, literalmente me considero um GEÓGRAFO de carteirinha.
Salvaguarda do Frevo. É isto aí. Guerreiro defensor do FREVO e da tradição histórica. Muito bom. Do lado das autoridades ainda estou esperando a comemoração pública e abrangente do grande título conferido ao FREVO em Paris: Patrimônio Cultural Imaterial da Humanaidade. Pois isto não passou de uma notícia sem maiores abrangência. É assim que eles tratam o rítmo maior deste Estado. E o Passo do FREVO??? Bem... deixa prá lá. Partabéns Eduardo pelo belo comentátio. Quanto as palavras de Laercio Olimpio, sempre destilando o seu grande amor pelo FREVO, é um desabafo.(Geraldo Silva - 13-09-2013)
ResponderExcluirLembro ano passado de ter me perguntado várias vezes o motivo de ter tantas datas! Muito bom o texto! =)
ResponderExcluirBastante esclarecedor o artigo. Corroborando o que diz Geraldo Silva, acima, o que os Guerreiros do Passo fazem, na internet e na rua, é mesmo ação de salvaguarda, das mais importantes.
ResponderExcluirA respeito das datas, com todo respeito a Osvaldo de Almeida, pela sua importância histórica, acho que 9 de fevereiro é a mais apropriada, também por questões históricas. Sobre o decreto federal, noves fora a oportunidade (que Eduardo não perderia) de alfinetar o governo Lula, acho que faltou alguém daqui de Pernambuco para levantar a mão e chamar a atenção sobre a pendenga. No final, temos as duas como bons motivos para comemorar.
Julio Vila Nova - BC L Cordas e Retalhos
A questão não é alfinetar o "ídolo" Lula meu caro Julio. Só dei nomes aos bois. Pois, em registros e levantamentos históricos temos que ser honestos e coerentes com os fatos. E o caso de ser esse ou aquele presidente, pra mim não importa, até porque não tenho fanatismo por nenhum político e muito menos partido.
ResponderExcluirEduardo Araújo
Fantástico histórico Eduardo. O Frevo é para nós amantes e culturalistas uma essência para nossas almas. Enquanto isso os governos não estão nem aí, pois que, nã tem raízes nem abraçam está essência da Nossa cultura. Viva eternamente o FREVO.
ResponderExcluirÉ lamentável que exista uma lei que obriga as rádios a tocarem o Frevo em todos os dias, porém,não sendo respeitada. Sinceramente eu considero isso uma atitude hipócrita "me engana e tá tudo bem". Essa atitude das emissoras mostra o desrespeito à essência da alma do povo recifense, sua cultura. Apenas uma estação de rádio em Recife - Rádio Universitária -toca Frevo o Ano todo e todos os dias. Não Há respeito nem a Lei, nem a cultura
ResponderExcluirNós que fazemos a cultura, sejamos sempre Verdadeiros Guerreiros da Cultura do Frevo.