[Amigos
e amigas amantes do passo e do Mestre Nascimento, encontrei em meus
arquivos este artigo datado 27 de fevereiro de 2003, que nunca foi
publicado pela mídia. Na ocasião eu entreguei uma cópia ao Mestre
Nascimento e seu Filho Jaflis e pedi a eles que não partilhassem antes
de sua publicação, mas como isso até hoje não aconteceu, e continuo
achando que o assunto ainda é pertinente, resolvi publicá-lo. Afinal desempenhei o papel de historiadora das danças de
Pernambuco por várias décadas e sinto-me no dever de prestar
esclarecimentos e fazer justiça ao Mestre Nascimento do Passo, que me
ensinou a dançar e amar o frevo. Todas as informações deste artigo
contidas estão na minha tese de Mphil/PhD, intitulada Frevo: a
Classical Brazilian Dance, defendida no Departamento de Dance Studies,
School of Performing Arts, University of Surrey, Guildford, Reino Unido
2003 - por isso se usarem o material, coloquem esta referência.]
Muita
gente, em Pernambuco, trabalha em prol do frevo, investindo tempo,
dinheiro ou energia, seja profissionalmente ou amadoristicamente. No
entanto, ninguém ‘respira’ e ‘transpira’ frevo como Francisco do
Nascimento Filho, o Mestre Nascimento “do Passo” – um apelido artístico
recebido na ocasião em que venceu um disputadíssimo concurso de passo
patrocinado pelo DP e Emissoras Associadas, na década de cinquenta e que
acabou sendo adotado como um real sobrenome. Durante cinco décadas,
Nascimento do Passo vem dedicando os 365 dias do ano à uma luta
ininterrupta e acirrada para remover o frevo (música e dança) dos
parâmetros exclusivamente carnavalescos.
Para Nascimento e seus alunos devotos, o frevo não é um simples e prazeroso entretenimento de carnaval, mas sim uma fonte inesgotável de energia positiva para o corpo e a mente. Frevo é cantado no hino da Escola como sendo “pique, energia, saúde, ginástica e terapia” - uma espécie de remédio poderoso, capaz de curar todos os males físicos e mentais. Mais ainda: esta divertida forma de terapia, chamada dança do frevo, fortalece os músculos do corpo, previne obesidade, celulite, e doenças cardio-vasculares, estimula a criatividade artística e a agilidade de raciocínio dos seus praticantes. Nascimento garante que, através da prática regular desta dança multifuncional, crianças e adultos se tornam mais energizados, positivos, auto-confiantes, criativos e, por conseguinte, mais aptos para lidar com quaisquer situações e obstáculos na vida.
As realizações de Nascimento para a história da dança do frevo poderiam e deveriam ser equiparadas ao legado de Martha Graham para a história da dança Moderna. Visto que ambos dançarinos foram os pioneiros que estabeleceram um método específico de ensino-aprendizagem de técnicas de dança distintas, mas que originalmente eram caracterizadas e valorizadas, quase que exclusivamente, pelos seus estilos livres e improvisados.
As evidências históricas sugerem que Nascimento do Passo foi o primeiro passista brasileiro a mergulhar profissionalmente na arte de dançar e ensinar o passo. Foi ele quem fundou a primeira Escola de Frevo do Brasil e estabeleceu um método de ensino-aprendizagem da arte de dançar-ensinar o frevo. Nascimento logo compreendeu que a espontaneidade, versatilidade, e musicalidade do passista qualificado dependia da aquisição de uma técnica corporal específica da dança do frevo. Técnica esta, que precisaria ser praticada diariamente, para que fosse assimilada tanto pelo intelecto quanto cinesteticamente, pelos músculos, sangue e poros do corpo. Por valorizar a técnica do passo, tanto quanto a criatividade e a espontaneidade que dela brotam, o Mestre Nascimento decidiu incluir, nas apresentações da sua escola de frevo, uma seqüência introdutória, quase que coreográfica, dos passos básicos do frevo antes do momento apoteótico dos solos individuais e de improvisação dos passistas se sucederem um após outro. Ao fazer isso, Nascimento se distanciou da antiga visão folclorista reinante e, por isso mesmo, foi incompreendido e muito criticado por todos aqueles que acreditavam que o frevo é uma dança ‘improvisada’ por excelência, e pressupunham que o estudo da técnica da dança prejudicaria a espontaneidade e criatividade dos movimentos, ao invés de facilitá-los.
A história demonstra que Nascimento sempre esteve vivendo à frente do seu tempo, e por isso mesmo, têm levado à reboque e com muita garra, todos os que desacreditam nos seus ideais à favor do desenvolvimento e valorização do frevo pernambucano. É importante lembrar que quando a sua Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo foi fundada no Ibura, Recife, a 27 de janeiro de 1973, o frevo e o passo estavam atravessando uma fase inglória de desvalorização e decadência. Acreditava-se que ambos estavam condenados à extinção. Dois dias antes da inauguração daquela escola, um jornalista anônimo do Diário de Pernambuco considerou a iniciativa de Francisco do Nascimento Filho, como “um protesto isolado contra a extinção da dança do frevo” e considera-o como sendo “o último passista clássico de Pernambuco”.
Nascimento contou em entrevista que, muitos dos seus vizinho no Ibura, comentavam que ele tinha endoidado, visto que ele derrubou paredes da sua casa para ampliar o espaço onde as pessoas pudessem dançar e aprender o passo do frevo. Nascimento relembra que, devido a impopularidade do frevo, em suas aulas, ele primeiro tocava os ritmos da moda, tais como: o iê, iê, iê e o rali-gali, para as pessoas se sentirem atraídas e começar a dançar, e só quando todos já estavam aquecidos ele introduzia o ritmo do frevo e convidava a todos para realmente ‘fazer o passo’. As suas aulas eram grátis pois a sua intenção primordial, desde os primeiros tempos, sempre foi a de formar um grupo de dança, capaz de mostrar à sociedade não só a beleza artística do frevo, como também os efeitos benéficos que esta dança proporciona para o desenvolvimento e bem-estar geral dos seus praticantes (sejam estes crianças ou adultos).
Além dos benefícios a níveis físico e psicológico o trabalho artístico-pedagógico do Mestre Nascimento também trouxe inestimáveis benefícios sociais. O Mestre está totalmente convencido de que a prática regular do passo libertou muitos meninos e meninas de vícios diversos e até da prostituição. O Mestre explica que quando os meninos se apaixonam pelo frevo “eles não querem mais saber de cheirar loló, de cheirar cola ou de pichar muros. Eles deixam de fazer parte da gangue de antigamente”. Por mais de duas décadas, em todos os subúrbios onde morou na região metropolitana do Recife e de Olinda, Nacimento costumava reunir aqueles meninos e meninas desocupados e ociosos da redondeza, que não estavam matriculados em escolas ou não queriam mais estudar, e os transformava em pessoas dedicadas a uma atividade e engajados num grupo social. Nascimento confessa que dar aulas para crianças, adolescentes e adultos da periferia é um dos trabalhos que mais gosta de fazer na vida, pois foi nas comunidades pobres onde ele sempre descobriu, em suas próprias palavras, “elementos fantásticos” - meninos e meninos talentosos, que se identificam e aprendem rápido a magia da dança do frevo.
Paralelamente a este trabalho com as crianças de periferia dos inúmeros bairros onde morou, Nascimento também ministrou o passo em várias escolas estaduais, como parte do projeto Danças Populares Pernambucanas concebido por Leonardo Dantas e Silva em 1975. Nascimento explica que, naqueles estabelecimentos onde o frevo era introduzido como disciplina extra-curricular, era muito difícil encontrar alunos realmente interessadas em praticar o frevo regularmente e fazer parte de um grupo para apresentações, pois as crianças que frequentam tais escolas, estão preocupadas em estudar outras matérias. Então, no meio do recreio era oferecida a atividade das “danças folclóricas, que a criança participa mas não se integra” – explica o Mestre.
Outras duas importantes fontes propagadoras das danças nordestinas - além da fundação da Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo em 1973 e da realização do projeto Danças Populares Pernambucanas em 1975 - foram o Balé Popular do Recife (BPR) e o Grupo da Escola Assis Chateaubriand (GEAC). Com o surgimento destes dois primeiros grupos profissionais de dança do Recife, no final da década de setenta, o passo começa a ser praticado regularmente e exibido para as mais variadas plateias no Recife e em outras cidades do Brasil e do exterior. Nascimento do Passo e Arnaldo das Neves (Coruja) foram os dois professores da dança do frevo que ensinaram as primeiras gerações do BPR e GEAC. Por isso, não seria um exagero afirmar que a maioria dos profissionais do frevo no Recife, recebeu, seja direta ou indiretamente, benefícios do trabalho artístico e pedagógico do Mestre Nascimento. De fato, é difícil encontrar um passista profissional, talentoso e renomado, que não tenha bebido na fonte do método do Mestre Nascimento – seja direta ou indiretamente. Pois em Pernambuco a maioria das pessoas ou aprendeu o passo praticando diretamente o Método Nascimento do Passo com o próprio mestre ou com um dos seus instrutores ou com um dos seus inúmeros ex-alunos que passaram posteriormente a lecionar.
Outro significante acontecimento na história do passo em Pernambuco foi a iniciativa do prefeito do Recife, Jarbas Vasconcelos de inaugurar, em março de 1996, a Escola Municipal de Frevo. Esta porém não foi, e nem deve ser compreendida como sendo, um ‘presente’ espontaneamente doado pelo Prefeito Jarbas aos cidadãos pernambucanos. Pois a inauguração daquela escola municipal foi sim mais um resultado positivo da luta deslanchada pelo Mestre Nascimento, que não só sugeriu como persuadiu continuamente, por anos a fio, o prefeito Jarbas a fundar tal escola de frevo com o suporte financeiro da Prefeitura.
Desde o início da década de noventa, Nascimento já havia começado a sua batalha de persuasão junto ao Prefeito Jarbas Vasconcelos para a construção daquela escola; e todas as vezes que se encontrava com Jarbas, em Congressos, eventos turísticos, etc, Nascimento aproveitava a oportunidade para tocar no assunto e convencê-lo da ideia: “Prefeito, a fundação de uma escola municipal de frevo será um dos pontos mais fortes e inesquecíveis da sua administração”. A ‘perseguição’ e insistência de Nascimento foi tanta, que o Prefeito Jarbas, na ocasião do seu discurso de inauguração da Escola Municipal de Frevo, depois de ter dito aos presentes que estava muito satisfeito com a inauguração daquele espaço, pois o mesmo fortaleceria uma das expressões artísticas mais representativas do nosso Estado, confessou em tom de desabafo: “mas eu também estou satisfeito pois assim vou me livrar das cobranças de Nascimento” [risos da platéia].
É importante esclarecer que embora a Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo tenha sido fundada mais de duas décadas antes da Escola Municipal de Frevo, esta última foi, de fato, o primeiro estabelecimento especializado no ensino-aprendizado da dança do frevo em Recife. A Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo embora pioneira nunca teve uma sede própria, ou um local adequado onde alunos e professores de passo pudessem desenvolver as suas atividades. Ela sempre foi uma escola itinerante, e por isso seria mais apropriado considerá-la como sendo sinônimo do método de ensino-aprendizagem do passo de frevo, que o Mestre, seus monitores e alunos praticam numa variedade de lugares, incluindo ruas, praças, campos de futebol, clubes sociais, escolas municipais e estaduais.
Quando, em março de 1996, a Escola Municipal de Frevo começou a funcionar regularmente com cinco turnos diárias de aulas de passo, ministradas nos períodos da manhã, tarde e noite, Nascimento passou a trabalhar tempo integral naquela escola, primeiro como professor, e após um ano, aproximadamente, como Vice-Diretor. Por conseguinte, Nascimento teve que parar de ensinar nas escolas municipais e estaduais, onde havia trabalhado por mais de uma década e também teve que suspender as aulas de frevo com as crianças e adultos da Rua Córrego José Grande, último subúrbio onde morou antes de se mudar para a Rua José Marinho Reis, em Campo Grande, para ficar mais perto do seu novo local de trabalho. E obviamente sua Escola Recreativa Nascimento do Passo passou a existir juntamente com a Escola Municipal de Frevo.
Como a maioria, quase que absoluta, dos professores que ensinam na Escola Municipal de Frevo, desde a sua fundação aos dias de hoje (2003), não só aprenderam a dançar e a ensinar o frevo com Nascimento, como também aplicam o método de Nascimento em suas aulas. E, considerando que o grupo de dança da Escola Recreativa Nascimento do Passo sempre foi composto dos alunos devotos que praticam frevo regularmente com ele, houve uma espécie fusão de grupos das acima citadas escolas de dança do frevo. Em outras palavras, eu verifiquei que os passistas que pertencem ao “grupo específico” das apresentações da Escola Municipal de Frevo e da Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo são de fato as mesmas pessoas. Quando eles estão dançando em apresentações marcadas através de ofícios enviados pela Secretaria de Educação e Cultura do Município, eles são considerados membros do grupo específico da Escola Municipal de Frevo; e quando estão participando de apresentações marcadas pelo Mestre Nascimento do Passo, são os passistas da Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo.
Este detalhe é importante que seja compreendido para que sejam evitadas críticas infundadas ao Mestre Nascimento. Como por exemplo, a de que ele está querendo sobrepor o seu nome ao de uma escola pública. Ou a de que ele não é grato ao apoio que recebe dos órgãos públicos. Mas a verdade, que muitos desconhecem, ou não têm o discernimento ou a humildade necessária para admitir, é que o Mestre Nascimento do Passo foi de fato uma peça primordial na fundação da Escola Municipal de Frevo, e por isso mesmo não poderia se conformar com um cargo menor do que o de Diretor ou Presidente daquela escola. Nascimento do Passo tem liderado uma luta pelo desenvolvimento e valorização da arte do passo pernambucano como ninguém mais o fez. Ele tem dedicado sua vida à esta causa e também àquela escola municipal de frevo.
A história tem nos mostrado que a fundação da primeira escola de frevo do Recife do Mestre Nascimento, e a criação do seu método pioneiro de ensinar-aprender passo foi o combustível mais poderoso que manteve acesa a chama da arte do frevo nas mais adversas conjunturas históricas. Foi principalmente através do método de ensino de Nascimento, que o conhecimento artístico corporificado da dança do frevo pode ser transmitido às novas gerações, e conseguiu não só sobreviver como florescer, se ramificar em escolas distintas de frevo, com estilos específicos de dançar, criar e re-interpretar o frevo. Consequentemente, a técnica do passo veio sendo gradualmente aperfeiçoada, e o léxico de movimentos daquela dança amplamente expandido. Como resultado, a respeitabilidade e a qualidade artística das apresentações de frevo têm aumentado à olhos vistos em Pernambuco, na mesma proporção em que tem desaparecido o estigma desta dança ser considerada como uma ‘mera’ dança de carnaval, ou dança de rua.
No entanto, é lastimável observar que a importância histórica, social e artística do trabalho pioneiro de Nascimento continua a ser ignorada ou subestimada ainda hoje. É verdade que inúmeras homenagens têm sido prestadas ao Mestre Nascimento por vários representantes políticos de direita, centro e esquerda. Inclusive o título de Cidadão Pernambucano foi lhe dado pela Assembléia Legislativa no dia 28 de fevereiro do 2000, como sugestão do então deputado estadual João Paulo do PT. No entanto, aqueles que observam de perto, o desenrolar dos fatos, tem motivos para questionar se tais homenagens são legítimas ou demagógicas...
Por que será que nenhum dos prefeitos, Jarbas Vasconcelos, Roberto Magalhães e João Paulo, tiveram a sensatez de confiar à Nascimento o cargo de Diretor da Escola Municipal de Frevo? Mais ainda, além de não terem entregue o cargo de Diretor ao artista mais qualificado e merecedor daquele cargo, resolveram arbitrariamente trocar o nome daquela escola para Escola Municipal Maestro Fernando Borges – mesmo sabendo que ali não se ensina a música do frevo, mas sim o passo. Se aquela escola municipal de frevo foi um dos mais belos frutos da história de luta de um Mestre do Passo porque não chama-la de Escola Municipal de Frevo Mestre Nascimento do Passo?
Enquanto historiadora da dança pernambucana eu quero deixar registrado aqui a minha opinião e protesto, e quero ressaltar para todos os políticos e cidadãos pernambucanos que a história do passo jamais poderá ser escrita satisfatoriamente, se o trabalho artístico do Mestre Nascimento do Passo não for reconhecido e avaliado em profundidade, pois ele é um dos grandes personagens vivos da nossa história. Mais ainda: é importante que tenhamos em mente que cada momento de vida, é um momento histórico, em potencial. O futuro se constrói através das nossas ações diárias, e as verdadeiras homenagens, dignas desse nome, não se prestam somente com meras palavras proferidas em momentos oportunos, mas sim com ações concretas de reconhecimento e respeito.
Se aqueles que hoje detêm o poder político quiserem prestar uma verdadeira (não uma demagógica) homenagem à um artista popular, como Francisco do Nascimento Filho, que continua cheio de vida, ideais e projetos a serem realizados, eles têm que somar forças à luta de Nascimento, para concretização de seus ideais – que não são outros além dos nossos. Eles têm que, no mínimo, oferecer ao maior propagador do frevo pernambucano, com mais de 50 anos de experiência profissional na área do ensino da dança do frevo, o direito de não só dirigir como presidir a, por eles denominada, Escola Municipal Maestro Fernando Borges – mas que de fato sempre existiu como um desdobramento da Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo. Se assim for feito, acredito, veremos que o passo pernambucano poderá florescer e se propagar numa velocidade muito mais acelerada da que já vemos acontecer hoje em dia.
Para Nascimento, nunca existiu limite de tempo e energia que ele acha que pode e deve gastar (e também persuade outros a fazer o mesmo) para alcançar o quer que possa trazer benefícios para o passo e passistas daquela (sua, nossa) Escola Municipal de Frevo, na qual trabalha desde a sua fundação. Diferentemente de todos os outros que apenas trabalham profissionalmente em prol do frevo, aventuro-me a dizer que, para Nascimento, o frevo é o que dá significado à sua vida, é o que faz a sua vida digna de ser vivida. Frevo não é somente a sua ideologia – que ele acredita que tem o poder de melhorar o mundo (individual e coletivo), mas também é a sua oração. Nascimento acredita que a pureza que o praticante pode encontrar através dessa arte do movimento da dança do frevo é tão imensa que a pessoa pode dizer diariamente, antes de dormir e ao acordar: “Deus, cuide da minha alma e o frevo, do meu corpo”, que se sentirá bem mais protegida. Porque, como ele explica: “A alma, o espírito e toda sabedoria vem de Deus. Mas ele nos fez com braços e pernas e disse que ele tinha nos criado à sua imagem e semelhança e que precisamos descobrir aquilo que precisamos para nos sentirmos mais fortes e saudáveis, pois nós somos feitos de carne e osso, não é mesmo?”
Tal como o vejo, NASCIMENTO É O MAIOR GUERREIRO DO FREVO DE TODOS OS TEMPOS. Um artista-lutador que, quase sempre trajado em seu uniforme-de-guerra, batalha contínua e incansavelmente, com paixão e fúria, determinação, honestidade, otimismo e coragem por um número de causas nobres em prol desta dança multifuncional. Enfim, ninguém no passado ou presente, tem feito mais pela dança do frevo do que o Mestre Nascimento do Passo.
Para Nascimento e seus alunos devotos, o frevo não é um simples e prazeroso entretenimento de carnaval, mas sim uma fonte inesgotável de energia positiva para o corpo e a mente. Frevo é cantado no hino da Escola como sendo “pique, energia, saúde, ginástica e terapia” - uma espécie de remédio poderoso, capaz de curar todos os males físicos e mentais. Mais ainda: esta divertida forma de terapia, chamada dança do frevo, fortalece os músculos do corpo, previne obesidade, celulite, e doenças cardio-vasculares, estimula a criatividade artística e a agilidade de raciocínio dos seus praticantes. Nascimento garante que, através da prática regular desta dança multifuncional, crianças e adultos se tornam mais energizados, positivos, auto-confiantes, criativos e, por conseguinte, mais aptos para lidar com quaisquer situações e obstáculos na vida.
As realizações de Nascimento para a história da dança do frevo poderiam e deveriam ser equiparadas ao legado de Martha Graham para a história da dança Moderna. Visto que ambos dançarinos foram os pioneiros que estabeleceram um método específico de ensino-aprendizagem de técnicas de dança distintas, mas que originalmente eram caracterizadas e valorizadas, quase que exclusivamente, pelos seus estilos livres e improvisados.
As evidências históricas sugerem que Nascimento do Passo foi o primeiro passista brasileiro a mergulhar profissionalmente na arte de dançar e ensinar o passo. Foi ele quem fundou a primeira Escola de Frevo do Brasil e estabeleceu um método de ensino-aprendizagem da arte de dançar-ensinar o frevo. Nascimento logo compreendeu que a espontaneidade, versatilidade, e musicalidade do passista qualificado dependia da aquisição de uma técnica corporal específica da dança do frevo. Técnica esta, que precisaria ser praticada diariamente, para que fosse assimilada tanto pelo intelecto quanto cinesteticamente, pelos músculos, sangue e poros do corpo. Por valorizar a técnica do passo, tanto quanto a criatividade e a espontaneidade que dela brotam, o Mestre Nascimento decidiu incluir, nas apresentações da sua escola de frevo, uma seqüência introdutória, quase que coreográfica, dos passos básicos do frevo antes do momento apoteótico dos solos individuais e de improvisação dos passistas se sucederem um após outro. Ao fazer isso, Nascimento se distanciou da antiga visão folclorista reinante e, por isso mesmo, foi incompreendido e muito criticado por todos aqueles que acreditavam que o frevo é uma dança ‘improvisada’ por excelência, e pressupunham que o estudo da técnica da dança prejudicaria a espontaneidade e criatividade dos movimentos, ao invés de facilitá-los.
A história demonstra que Nascimento sempre esteve vivendo à frente do seu tempo, e por isso mesmo, têm levado à reboque e com muita garra, todos os que desacreditam nos seus ideais à favor do desenvolvimento e valorização do frevo pernambucano. É importante lembrar que quando a sua Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo foi fundada no Ibura, Recife, a 27 de janeiro de 1973, o frevo e o passo estavam atravessando uma fase inglória de desvalorização e decadência. Acreditava-se que ambos estavam condenados à extinção. Dois dias antes da inauguração daquela escola, um jornalista anônimo do Diário de Pernambuco considerou a iniciativa de Francisco do Nascimento Filho, como “um protesto isolado contra a extinção da dança do frevo” e considera-o como sendo “o último passista clássico de Pernambuco”.
Nascimento contou em entrevista que, muitos dos seus vizinho no Ibura, comentavam que ele tinha endoidado, visto que ele derrubou paredes da sua casa para ampliar o espaço onde as pessoas pudessem dançar e aprender o passo do frevo. Nascimento relembra que, devido a impopularidade do frevo, em suas aulas, ele primeiro tocava os ritmos da moda, tais como: o iê, iê, iê e o rali-gali, para as pessoas se sentirem atraídas e começar a dançar, e só quando todos já estavam aquecidos ele introduzia o ritmo do frevo e convidava a todos para realmente ‘fazer o passo’. As suas aulas eram grátis pois a sua intenção primordial, desde os primeiros tempos, sempre foi a de formar um grupo de dança, capaz de mostrar à sociedade não só a beleza artística do frevo, como também os efeitos benéficos que esta dança proporciona para o desenvolvimento e bem-estar geral dos seus praticantes (sejam estes crianças ou adultos).
Além dos benefícios a níveis físico e psicológico o trabalho artístico-pedagógico do Mestre Nascimento também trouxe inestimáveis benefícios sociais. O Mestre está totalmente convencido de que a prática regular do passo libertou muitos meninos e meninas de vícios diversos e até da prostituição. O Mestre explica que quando os meninos se apaixonam pelo frevo “eles não querem mais saber de cheirar loló, de cheirar cola ou de pichar muros. Eles deixam de fazer parte da gangue de antigamente”. Por mais de duas décadas, em todos os subúrbios onde morou na região metropolitana do Recife e de Olinda, Nacimento costumava reunir aqueles meninos e meninas desocupados e ociosos da redondeza, que não estavam matriculados em escolas ou não queriam mais estudar, e os transformava em pessoas dedicadas a uma atividade e engajados num grupo social. Nascimento confessa que dar aulas para crianças, adolescentes e adultos da periferia é um dos trabalhos que mais gosta de fazer na vida, pois foi nas comunidades pobres onde ele sempre descobriu, em suas próprias palavras, “elementos fantásticos” - meninos e meninos talentosos, que se identificam e aprendem rápido a magia da dança do frevo.
Paralelamente a este trabalho com as crianças de periferia dos inúmeros bairros onde morou, Nascimento também ministrou o passo em várias escolas estaduais, como parte do projeto Danças Populares Pernambucanas concebido por Leonardo Dantas e Silva em 1975. Nascimento explica que, naqueles estabelecimentos onde o frevo era introduzido como disciplina extra-curricular, era muito difícil encontrar alunos realmente interessadas em praticar o frevo regularmente e fazer parte de um grupo para apresentações, pois as crianças que frequentam tais escolas, estão preocupadas em estudar outras matérias. Então, no meio do recreio era oferecida a atividade das “danças folclóricas, que a criança participa mas não se integra” – explica o Mestre.
Outras duas importantes fontes propagadoras das danças nordestinas - além da fundação da Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo em 1973 e da realização do projeto Danças Populares Pernambucanas em 1975 - foram o Balé Popular do Recife (BPR) e o Grupo da Escola Assis Chateaubriand (GEAC). Com o surgimento destes dois primeiros grupos profissionais de dança do Recife, no final da década de setenta, o passo começa a ser praticado regularmente e exibido para as mais variadas plateias no Recife e em outras cidades do Brasil e do exterior. Nascimento do Passo e Arnaldo das Neves (Coruja) foram os dois professores da dança do frevo que ensinaram as primeiras gerações do BPR e GEAC. Por isso, não seria um exagero afirmar que a maioria dos profissionais do frevo no Recife, recebeu, seja direta ou indiretamente, benefícios do trabalho artístico e pedagógico do Mestre Nascimento. De fato, é difícil encontrar um passista profissional, talentoso e renomado, que não tenha bebido na fonte do método do Mestre Nascimento – seja direta ou indiretamente. Pois em Pernambuco a maioria das pessoas ou aprendeu o passo praticando diretamente o Método Nascimento do Passo com o próprio mestre ou com um dos seus instrutores ou com um dos seus inúmeros ex-alunos que passaram posteriormente a lecionar.
Outro significante acontecimento na história do passo em Pernambuco foi a iniciativa do prefeito do Recife, Jarbas Vasconcelos de inaugurar, em março de 1996, a Escola Municipal de Frevo. Esta porém não foi, e nem deve ser compreendida como sendo, um ‘presente’ espontaneamente doado pelo Prefeito Jarbas aos cidadãos pernambucanos. Pois a inauguração daquela escola municipal foi sim mais um resultado positivo da luta deslanchada pelo Mestre Nascimento, que não só sugeriu como persuadiu continuamente, por anos a fio, o prefeito Jarbas a fundar tal escola de frevo com o suporte financeiro da Prefeitura.
Desde o início da década de noventa, Nascimento já havia começado a sua batalha de persuasão junto ao Prefeito Jarbas Vasconcelos para a construção daquela escola; e todas as vezes que se encontrava com Jarbas, em Congressos, eventos turísticos, etc, Nascimento aproveitava a oportunidade para tocar no assunto e convencê-lo da ideia: “Prefeito, a fundação de uma escola municipal de frevo será um dos pontos mais fortes e inesquecíveis da sua administração”. A ‘perseguição’ e insistência de Nascimento foi tanta, que o Prefeito Jarbas, na ocasião do seu discurso de inauguração da Escola Municipal de Frevo, depois de ter dito aos presentes que estava muito satisfeito com a inauguração daquele espaço, pois o mesmo fortaleceria uma das expressões artísticas mais representativas do nosso Estado, confessou em tom de desabafo: “mas eu também estou satisfeito pois assim vou me livrar das cobranças de Nascimento” [risos da platéia].
É importante esclarecer que embora a Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo tenha sido fundada mais de duas décadas antes da Escola Municipal de Frevo, esta última foi, de fato, o primeiro estabelecimento especializado no ensino-aprendizado da dança do frevo em Recife. A Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo embora pioneira nunca teve uma sede própria, ou um local adequado onde alunos e professores de passo pudessem desenvolver as suas atividades. Ela sempre foi uma escola itinerante, e por isso seria mais apropriado considerá-la como sendo sinônimo do método de ensino-aprendizagem do passo de frevo, que o Mestre, seus monitores e alunos praticam numa variedade de lugares, incluindo ruas, praças, campos de futebol, clubes sociais, escolas municipais e estaduais.
Quando, em março de 1996, a Escola Municipal de Frevo começou a funcionar regularmente com cinco turnos diárias de aulas de passo, ministradas nos períodos da manhã, tarde e noite, Nascimento passou a trabalhar tempo integral naquela escola, primeiro como professor, e após um ano, aproximadamente, como Vice-Diretor. Por conseguinte, Nascimento teve que parar de ensinar nas escolas municipais e estaduais, onde havia trabalhado por mais de uma década e também teve que suspender as aulas de frevo com as crianças e adultos da Rua Córrego José Grande, último subúrbio onde morou antes de se mudar para a Rua José Marinho Reis, em Campo Grande, para ficar mais perto do seu novo local de trabalho. E obviamente sua Escola Recreativa Nascimento do Passo passou a existir juntamente com a Escola Municipal de Frevo.
Como a maioria, quase que absoluta, dos professores que ensinam na Escola Municipal de Frevo, desde a sua fundação aos dias de hoje (2003), não só aprenderam a dançar e a ensinar o frevo com Nascimento, como também aplicam o método de Nascimento em suas aulas. E, considerando que o grupo de dança da Escola Recreativa Nascimento do Passo sempre foi composto dos alunos devotos que praticam frevo regularmente com ele, houve uma espécie fusão de grupos das acima citadas escolas de dança do frevo. Em outras palavras, eu verifiquei que os passistas que pertencem ao “grupo específico” das apresentações da Escola Municipal de Frevo e da Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo são de fato as mesmas pessoas. Quando eles estão dançando em apresentações marcadas através de ofícios enviados pela Secretaria de Educação e Cultura do Município, eles são considerados membros do grupo específico da Escola Municipal de Frevo; e quando estão participando de apresentações marcadas pelo Mestre Nascimento do Passo, são os passistas da Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo.
Este detalhe é importante que seja compreendido para que sejam evitadas críticas infundadas ao Mestre Nascimento. Como por exemplo, a de que ele está querendo sobrepor o seu nome ao de uma escola pública. Ou a de que ele não é grato ao apoio que recebe dos órgãos públicos. Mas a verdade, que muitos desconhecem, ou não têm o discernimento ou a humildade necessária para admitir, é que o Mestre Nascimento do Passo foi de fato uma peça primordial na fundação da Escola Municipal de Frevo, e por isso mesmo não poderia se conformar com um cargo menor do que o de Diretor ou Presidente daquela escola. Nascimento do Passo tem liderado uma luta pelo desenvolvimento e valorização da arte do passo pernambucano como ninguém mais o fez. Ele tem dedicado sua vida à esta causa e também àquela escola municipal de frevo.
A história tem nos mostrado que a fundação da primeira escola de frevo do Recife do Mestre Nascimento, e a criação do seu método pioneiro de ensinar-aprender passo foi o combustível mais poderoso que manteve acesa a chama da arte do frevo nas mais adversas conjunturas históricas. Foi principalmente através do método de ensino de Nascimento, que o conhecimento artístico corporificado da dança do frevo pode ser transmitido às novas gerações, e conseguiu não só sobreviver como florescer, se ramificar em escolas distintas de frevo, com estilos específicos de dançar, criar e re-interpretar o frevo. Consequentemente, a técnica do passo veio sendo gradualmente aperfeiçoada, e o léxico de movimentos daquela dança amplamente expandido. Como resultado, a respeitabilidade e a qualidade artística das apresentações de frevo têm aumentado à olhos vistos em Pernambuco, na mesma proporção em que tem desaparecido o estigma desta dança ser considerada como uma ‘mera’ dança de carnaval, ou dança de rua.
No entanto, é lastimável observar que a importância histórica, social e artística do trabalho pioneiro de Nascimento continua a ser ignorada ou subestimada ainda hoje. É verdade que inúmeras homenagens têm sido prestadas ao Mestre Nascimento por vários representantes políticos de direita, centro e esquerda. Inclusive o título de Cidadão Pernambucano foi lhe dado pela Assembléia Legislativa no dia 28 de fevereiro do 2000, como sugestão do então deputado estadual João Paulo do PT. No entanto, aqueles que observam de perto, o desenrolar dos fatos, tem motivos para questionar se tais homenagens são legítimas ou demagógicas...
Por que será que nenhum dos prefeitos, Jarbas Vasconcelos, Roberto Magalhães e João Paulo, tiveram a sensatez de confiar à Nascimento o cargo de Diretor da Escola Municipal de Frevo? Mais ainda, além de não terem entregue o cargo de Diretor ao artista mais qualificado e merecedor daquele cargo, resolveram arbitrariamente trocar o nome daquela escola para Escola Municipal Maestro Fernando Borges – mesmo sabendo que ali não se ensina a música do frevo, mas sim o passo. Se aquela escola municipal de frevo foi um dos mais belos frutos da história de luta de um Mestre do Passo porque não chama-la de Escola Municipal de Frevo Mestre Nascimento do Passo?
Enquanto historiadora da dança pernambucana eu quero deixar registrado aqui a minha opinião e protesto, e quero ressaltar para todos os políticos e cidadãos pernambucanos que a história do passo jamais poderá ser escrita satisfatoriamente, se o trabalho artístico do Mestre Nascimento do Passo não for reconhecido e avaliado em profundidade, pois ele é um dos grandes personagens vivos da nossa história. Mais ainda: é importante que tenhamos em mente que cada momento de vida, é um momento histórico, em potencial. O futuro se constrói através das nossas ações diárias, e as verdadeiras homenagens, dignas desse nome, não se prestam somente com meras palavras proferidas em momentos oportunos, mas sim com ações concretas de reconhecimento e respeito.
Se aqueles que hoje detêm o poder político quiserem prestar uma verdadeira (não uma demagógica) homenagem à um artista popular, como Francisco do Nascimento Filho, que continua cheio de vida, ideais e projetos a serem realizados, eles têm que somar forças à luta de Nascimento, para concretização de seus ideais – que não são outros além dos nossos. Eles têm que, no mínimo, oferecer ao maior propagador do frevo pernambucano, com mais de 50 anos de experiência profissional na área do ensino da dança do frevo, o direito de não só dirigir como presidir a, por eles denominada, Escola Municipal Maestro Fernando Borges – mas que de fato sempre existiu como um desdobramento da Escola Recreativa de Frevo Nascimento do Passo. Se assim for feito, acredito, veremos que o passo pernambucano poderá florescer e se propagar numa velocidade muito mais acelerada da que já vemos acontecer hoje em dia.
Para Nascimento, nunca existiu limite de tempo e energia que ele acha que pode e deve gastar (e também persuade outros a fazer o mesmo) para alcançar o quer que possa trazer benefícios para o passo e passistas daquela (sua, nossa) Escola Municipal de Frevo, na qual trabalha desde a sua fundação. Diferentemente de todos os outros que apenas trabalham profissionalmente em prol do frevo, aventuro-me a dizer que, para Nascimento, o frevo é o que dá significado à sua vida, é o que faz a sua vida digna de ser vivida. Frevo não é somente a sua ideologia – que ele acredita que tem o poder de melhorar o mundo (individual e coletivo), mas também é a sua oração. Nascimento acredita que a pureza que o praticante pode encontrar através dessa arte do movimento da dança do frevo é tão imensa que a pessoa pode dizer diariamente, antes de dormir e ao acordar: “Deus, cuide da minha alma e o frevo, do meu corpo”, que se sentirá bem mais protegida. Porque, como ele explica: “A alma, o espírito e toda sabedoria vem de Deus. Mas ele nos fez com braços e pernas e disse que ele tinha nos criado à sua imagem e semelhança e que precisamos descobrir aquilo que precisamos para nos sentirmos mais fortes e saudáveis, pois nós somos feitos de carne e osso, não é mesmo?”
Tal como o vejo, NASCIMENTO É O MAIOR GUERREIRO DO FREVO DE TODOS OS TEMPOS. Um artista-lutador que, quase sempre trajado em seu uniforme-de-guerra, batalha contínua e incansavelmente, com paixão e fúria, determinação, honestidade, otimismo e coragem por um número de causas nobres em prol desta dança multifuncional. Enfim, ninguém no passado ou presente, tem feito mais pela dança do frevo do que o Mestre Nascimento do Passo.
PS: É triste observar que poucos anos
após ter sido exonerado do cargo de vice-diretor, e de ter sido
injustamente difamado Nascimento faleceu. Mas seu espírito vive toda vez
que um frevo é tocado e dançado com garra, criatividade e amor.
Maria Goretti Rocha de Oliveira, é Bacharel em Ciências Sociais (UNICAMP) e Mestre em História (UFPE), e autora do livro"Danças populares como espetáculo público no Recife de 1970 a 1988". E MPhil, Mestre em Dança (University of Surrey, Guildford, Inglaterra).
Maria Goretti Rocha de Oliveira, é Bacharel em Ciências Sociais (UNICAMP) e Mestre em História (UFPE), e autora do livro"Danças populares como espetáculo público no Recife de 1970 a 1988". E MPhil, Mestre em Dança (University of Surrey, Guildford, Inglaterra).
Obrigada Guerreiros, por publicar este artigo em vosso blog. Que a nobre luta pela verdade, beleza, e ações eticamente corretas sejam uma constante em nossas vidas! Estou muito feliz em ver que os descendentes do Mestre Nascimento estão mantendo acesa a chama da dança do frevo. Parabéns! Maria Goretti Rocha de Oliveira
ResponderExcluirEu não entendo como o Governo do Estado, FUNDARPE e Prefeitura do Recife não deixaram a escola com nome dele IN MEMORIAM dele?
ResponderExcluirFiquei muito feliz de encontrar esse artigo. Fui aluna do projeto Danças populares pernambucanas, na escola estadual Jordão emerenciano no ur2 ibura,na época foi feita uma reportagem da globo, na nossa aula sobre o projeto. Quando ele parou de dar aulas lá fui para a escola de frevo dele,que era de graça. Só tenho a agradecer ao mestre Nascimento do Passo, que me fez amar o frevo e também me deu oportunidades, fiz parte do grupo de frevo para apresentações, chequei a gravar um comercial para o Banco do estado de Pernambuco e apresentação no Teatro princesa Isabel para o governador do estado. Ela era como um pai para todos os alunos, sempre respeitador É protetor.
ResponderExcluirSou jornalista e tive a honra de entrevista-lo no início de 1990. Ali tive a oportunidade de ver sua paixão pelo frevo e fizemos uma belíssima foto na rua do Sol, tendo ao fundo o rio Capibaribe e a rua da Aurora. O jornal ainda era em preto e branco, mas Nascimento coloriu nosso estado com sua arte quando na foto abriu escala no ar! Vítima de gente inescrupulosa, mesmo assim, a memória do mestre Nascimento do Passo não se apagará enquanto soar os clarins de um maravilhoso frevo de rua!
ResponderExcluirOlá Lourdes. Vc tem uma cópia dessa foto e reportagem?
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