Foram
anunciadas as regras para os Concursos carnavalescos de 2014, organizado pela
Prefeitura do Recife. Dentre as modalidades, no que se refere aos passistas, a
Secretaria de Cultura conseguiu se superar nos erros das gestões anteriores, e
o descaso com os nossos dançarinos parece que vai se estender por mais um ano.
Segundo as reportagens que estão sendo publicadas na imprensa, a peleja vai acontecer
entre 13 e 15 de fevereiro, e a
final no dia 16 de fevereiro de 2014.
De acordo com o Diário Oficial do Município, as datas referentes as disputas
dos passistas não batem. Eu mesmo tentei procurar informações ligando para a
Casa do Carnaval e a Fundação de Cultura, e não obtive nenhuma resposta
concreta. Prefiro confiar nas fontes dos jornais.
Mas, a
grande bobagem que será feita este ano não faz menção as datas, isso pode muito
bem ser incompetência no trato com a comunicação da Secretaria de Cultura, como
tudo que acontece por lá. A novidade é a exclusão das modalidades PASSISTA FOLIÃO, MASTER e
PRÉ-MIRIM, e mais, as categorias INFANTIL e MIRIM não serão remuneradas,
receberão apenas medalhas e certificados de participação. Isso
que é valorizar os primeiros foliões da nossa cidade!!! Se depender do
incentivo da Prefeitura, não surgirão passistas talentosos num futuro próximo,
e vamos depender por mais tempo das “pintas” e “pernões fechativos” de alguns
robôs do passo.
A
famigerada disputa disponibilizará ainda, os mesmos valores irrisórios dados
aos vencedores das versões antecedentes, tendo o total geral das premiações não
ultrapassando os R$ 5.500,00. Na terra do frevo, Patrimônio Cultural Imaterial
da Humanidade, os seus autênticos representantes recebem verdadeiras esmolas
dos órgãos públicos.
Quem diz que isso não pode ser uma decisão proposital de gente que não está nem um pouco
interessada em valorizar nossos artistas? Ou talvez uma prova de total
incompetência de quem está à frente da Secretaria de Cultura.
Com valores tão
insignificantes, pode-se imaginar como o frevo vem perdendo a disputa para outros ritmos
do país, sendo aniquilado pouco a pouco do que resta de sua hegemonia tradicional. É
assim que os responsáveis pela Fundação de Cultura pensam uma das representações mais
emblemáticos da festa maior da cidade? Será que os passistas sempre serão vistos
como meros acessórios de adorno
nas apresentações musicais e monopolizados por diversas esferas do poder
público, sem ao menos receberem uma contrapartida
justa pela usurpação de sua imagem?
Parece que eles não estão nem ai para aqueles que ajudaram a construir a história do frevo. E esses briosos passistas, por estarem ligados a cultura popular, continuam sendo
fortemente discriminados. É o pior, são considerados profissionais com força cultural
medíocre e sem fala relevante para atuar politicamente, tendo em vista os desmandos
perpetrados contra a categoria.
O que nos resta? Reclamar? Precisamos nos unir e diminuir a futilidade
de alguns dançarinos que se acham superiores e que estão afastando-se uns dos
outros por pura vaidade e interesses pessoais, esquecendo que a união poderia mudar
esta realidade. União não quer dizer estar colado, coexistindo em ambientes iguais
ou com estilos semelhantes, mas, refere-se a um conjunto de falas e pensamentos
comuns, com posicionamentos equivalentes a uma postura de valorização da
classe. E lembre-se, a trincheira poderia começar pelo Concurso de passistas.
Que tal negligenciarmos e boicotarmos esta disputa? Quem sabe eles (dirigentes públicos) criassem
uma consciência de respeito com grandes melhorias podendo ocorrer através do ato.
Na verdade, o que eles querem de fato, é que saiamos para as ruas,
mas, só para pular e receber os míseros cachês depois de alguns meses. Isso um dia tem que mudar. E deve começar por nós, só assim seremos respeitados.
Eduardo Araújo