Mais um carnaval da Troça O Indecente passou e ainda
estamos regozijados
pelos momentos especiais proporcionados pela ocasião, e também, com um peso enorme
nos ombros pelo cansaço proveniente dos preparativos do evento. Apesar de ter
sido mais um momento sublime na trajetória da agremiação, é preciso frisar que
nem tudo são flores. Claro, nada é fácil, principalmente quando lidamos com
produção cultural na cidade do Recife. Um carnaval nos moldes do tradicional festejo de rua
do Recife, um esforço para proporcionar uma forma gostosa, alegre de brincar o encontro momesco. Mais uma vez a emoção tomou conta das pessoas. E só em saber que mesmo estando presentes foliões acostumados com as
festividades carnavalescas, ainda assim, alguns ficaram comovidos e deixaram
cair lágrimas por vivenciar os atos simbólicos da agremiação. Foi lindo!
Antes de qualquer comentário mais aprofundado, quero expressar os agradecimentos àqueles que foram fundamentais para
o dia se tornar memorável.
Primeiramente, quero agradecer aos professores do
Guerreiros do Passo (Lucélia Albuquerque, Valdemiro Neto, Ricardo Cunha e Gil
Silva) que bancaram 100% da festa e que fincaram os pés, decidindo apoiar
diretamente com uma parte dos seus ordenados todas as despesas com a realização
do evento. Pegar dinheiro emprestado em banco e pagar em quatro meses não é
muito bom. Fazer carnaval não é barato, e é preciso revelar a situação para que
isso sirva de alerta para as nossas autoridades de como é difícil a vida de quem se
propõe a trabalhar pelo frevo no estado. A Troça não teve absolutamente nenhum
patrocínio neste carnaval. E como mencionei acima, se não fossem os professores
dos Guerreiros do Passo - e nesse conjunto também me incluo - não seria
possível realizar o festejo do dia 15 de fevereiro.
Agradeço ao amigo Sergio Campello que tomou a decisão
de ajudar e resolver o caso dos ofícios de solicitação para Prefeitura do
Recife, encaminhando os documentos mesmo já tendo passado os prazos de entrega.
Além disso, o nobre amigo chegou junto e deu um pouco mais de apoio, ajudando a
atenuar as despesas. Agradeço igualmente, a Vereadora Isabella de
Roldão e sua equipe pela força adicional em levar as demandas da troça aos
dirigentes do município.
Fazer carnaval não poderia ser tão dificultoso. Não
fazemos festa para nós mesmos, tudo é pensado para o público, e é dele que vem a
inspiração para mantermos o desejo de continuar com um sonho. O sonho de implementar
ações visando a valorização das nossas manifestações sem a ausência de
mecanismos de incentivo governamentais. Os obstáculos deveriam
existir somente no trato com as montagens e articulações para o grande dia, e
não pela falta de recursos. Estamos fazendo, de certa forma, o trabalho de quem
deveria atuar, estimular e produzir a cultura do povo, a nossa cultura.
Nossos custos chegaram perto de 10 mil reais, e esse
valor é irrisório se compararmos outras agremiações do carnaval, porém, para
nós este valor é uma fortuna. E o que recebemos da Prefeitura foram dois
banheiros e uma orquestra de poucos músicos que permaneceram na concentração apenas
por duas horas. Não culpo a orquestra e nem a falta de qualidade dos seus profissionais.
A responsabilidade é de quem os contrata. Por favor, não pensem que minha fala é uma forma
de ingratidão. Muito pelo contrário, se não fosse isso, não adiantava angariar
dinheiro faltando a estrutura mínima para acontecer a festa. Foi
maravilhoso puder estar à frente e comandar juntamente com meus companheiros um
dia inesquecível. Ficamos apenas tristes pela incerteza de saber que talvez não
tenhamos as mesmas condições de bancar a festa no ano que vem. E tem gente que
acha que fazer carnaval dá lucro. Ledo engano. A não ser para quem é graúdo e
tem apoio de uma cervejaria famosa ou algum patrono rico. Carnaval é coisa de
apaixonado. De quem enxerga na folia a alegria de celebrar a vida. E enquanto
tivermos forças vamos lutar sempre por este ideal.
Reitero os agradecimentos ao nobre amigo
Sergio Campello, a Vereadora Isabella e a Leide Araújo. Agradeço igualmente as
pessoas que se doaram e levaram sua força aos preparativos, distribuindo
disposição e energia positiva no carnaval da troça. Obrigado ao compositor,
carnavalesco e pesquisador Geraldo Silva, ao radialista Hugo Martins, a Dona
Socorro (minha mãe), a fotógrafa Bárbara
Wagner, Almir Negreiros, Laércio Olimpio, Alex pontes, Honório
Cordelista, Jorge Dancan, Andrea Santos, Rinaldo Almeida, Agrinez Melo, Marlone Júnior, Josué
Francisco, Betânia Pessoa, Flávio Araújo, Amaro Anjos, Elenilce Sales, Maria
Cristina, Jaílson (DOAÇÃO DA FEIJOADA), Pedro Mendes (PREPARAÇÃO E COZIMENTO DA
FEIJOADA), e a Jamerson Júnior. Agradeço também aos amigos que compraram camisas e
ajudaram diretamente na diminuição dos custos. Não posso esquecer daqueles
que nos inspiram permanentemente e nos mantém firmes com a concepção da troça:
Nascimento do Passo (em memória) e Gilberto Nascimento. Vale a lembrança ainda dele,
que mesmo estando longe na semana do evento, ficou distante torcendo e vibrando
para que tudo desse certo, Otávio Bastos. Obrigado aos guerreiros e guerreiras
que acreditam e nos proporcionam esperança para continuar lutando em prol do
frevo. Evoé!