NAS AULAS DOS GUERREIROS A GRANDE ESTRELA É O FREVO!

Veja algumas imagens e tire suas próprias conclusões.

UNIÃO ENTRE PASSISTAS, É POSSÍVEL?

OPINIÃO. Fala-se muito da necessidade de ver um dia a tão esperada união entre os passistas de frevo.

A FORÇA DA CAMISA AZUL

Nas aulas do Projeto Frevo na Praça, já foi possível observar que os professores dos Guerreiros do Passo, utilizam nos seus encontros semanais no bairro do Hipódromo...

MAX LEVAY REGISTRA OS GUERREIROS DO PASSO

O pernambucano Max Levay, profissional de reconhecido talento da arte da fotografia, fez um bonito registro dos Guerreiros do Passo no último mês de março. O artista produziu...

FOCO NO APRENDIZADO

Hoje em dia a busca por um melhor condicionamento na arte desenvolvida pelos famosos passistas de frevo, tem levado alguns praticantes a sair por ai pulando de aula em aula...

News - Guerreiros pretendem retornar às atividades abertas ao público ainda este ano/ Este site vai entrar em manutenção.

As pintas do frevo

Publicado em 09/04/14.
Artigo de opinião
Ao observar a repercussão de uma frase que gerou alguns comentários nas redes sociais durante o carnaval passado, fui levado a acreditar que seria necessário neste momento, esclarecer a alguns desavisados de plantão, o real significado da expressão “pinta” no frevo e outros termos que utilizo nos textos que escrevo no site dos Guerreiros do Passo. Buscarei explicar aquilo que deveria ser naturalmente entendido e que foi intencionalmente interpretado de forma imprudente, inclusive, para agregar pessoas que são facilmente influenciadas pela opinião dos outros.

Percebo que há uma carência extraordinária em algumas pessoas que, até de uma pequena frase se utiliza para chamar a atenção, já que a coisa  está ficando cada vez mais difícil na sua dança visto o alto grau de mediocridade de suas atuações. Daí, a procura por diferentes caminhos de evidência, muitas vezes às custas de outras pessoas e por enfoques banais.

Foram capazes de insinuar até mesmo homofobia a partir da expressão “Chega de pinta!”, utilizada aqui na página. Notem que num universo de mais de 150 textos publicados no site dos Guerreiros, houve o apego especifico e proposital de uma frase curta, tentando aproveitar a oportunidade para incitar polêmica. Só por isso, percebemos o nível de maledicência de certos indivíduos, que, aliás, nunca mereceram absolutamente nenhum respeito por este autor. Gente “articulada” e construída no frevo através de apegos políticos, que vez ou outra transitam no universo das relações e benesses governamentais. Entretanto, isso não é o mote deste texto, visto que adentra num aspecto específico, o da ética. Se não me engano, também falaram de falta de ética por minha parte. Vai entender...

Outro aspecto a ser levado em consideração, é a falha de interpretação dos textos publicados, faltando compreender a mensagem que está por trás do que é dito, daquilo que é realmente relevante para o assunto. Em outras palavras, caracteriza deficiência de entendimento da linguagem.

Quando se fala em “pinta”, em “pernão” ou em “robô” na dança do frevo, não se quer mencionar a conduta ou orientação sexual de nenhum indivíduo e nem provocar ato discriminatório sobre um determinado estilo coreográfico. Quem fizer observações neste sentido estará sendo leviano, irresponsável e provando o seu completo desconhecimento daquilo que se quer questionar.

Das vezes em que utilizei nos textos expressões do tipo mencionadas acima, fiz por uma atitude de buscar a atenção de um público disperso e pouco atento, e uma maneira razoável para alertar sobre um tema que, a meu ver, necessitaria de questionamentos aprofundados. Tem coisa mais interessante para chamar a atenção de uma determinada classe artística do que utilizar como espelho o seu próprio vocabulário e comportamento comuns? Pelo visto funcionou!

Ninguém pode negar que o neologismo é uma prática habitual dos passistas de hoje. E “pinta”, “pernão”, e “fechação”, são exemplos dessas invenções esdrúxulas, criadas com a intenção de transformar movimentos de dança de relevância menor em espetáculo, encobrindo com isso, a falta de criatividade nesse campo artístico.

Para aqueles que ainda não entenderam, o assunto é essencialmente sobre a qualidade do movimento em execução, sobre o aspecto da concepção de floreios coreográficos desnecessários, com o intuito de demonstrar um melhor desenvolvimento na sua dança através de mecanismos alegóricos meramente descartáveis. Alguns tentam justificar o ato como se fosse a real liberdade no frevo, como se simples efeitos repetitivos fossem grandes inovações e uma nova onda do passo. Tudo bem, qualquer indivíduo faz o que quer, todavia, não venham dizer depois que o livre-arbítrio do passista é ter o poder de reproduzir apenas o que os outros fazem, negando a singularidade tão disseminada nessa dança. Muitas vezes, a busca frenética por chamar a atenção é o caminho mais curto.

Hoje, ninguém cria mais passos, e a ausência de capacidade inventiva nesse setor, estimula o fenômeno das “pintas” que, intencionalmente vem sendo encoberto por discursos e opiniões sem uma argumentação plausível. E a busca pela espetacularização está sendo empregada até nos figurinos dos passistas, Confeccionados atualmente com a preocupação de expor modelitos cada vez mais extravagantes, fazendo alusão antes de tudo a Banda Calypso do que qualquer outra coisa. Se antigamente a versatilidade e a desenvoltura do passista era o que chamava a atenção, hoje em dia os trajes estão ganhando cada vez mais destaque em detrimento ao que realmente carece de aperfeiçoamento.

Tomando como referencia o movimento do Passinho nascido no Rio de Janeiro, fenômeno cultural de valor indiscutível, a preocupação dos seus praticantes consistiu no enriquecimento de uma relação entre dois ritmos urbanos do país, visando a valorização de ambos através da dinâmica da cultura popular. Muitos podem até não gostar e querer desmerecer sua importância, mas, o que se quer mencionar é o profissionalismo de quem o faz. O talento deles e o interesse do público de lá geraram grandes investimentos e os resultados estão ai, a galera já disse para que veio e está fazendo história.
Aqui, na terra do frevo, os seus praticantes, não cito os foliões em geral e nem os leigos, mas, os que se dizem "referência" no gênero, o que estão fazendo?
Gostaria que eles tivessem a mesma capacidade inventiva e sagacidade, ao invés de conversas tolas de "limpeza de passos", de querer inserir movimentos do balé clássico na dança e, mais recentemente, estimular a disputa ridícula de "peitação do frevo". Na verdade hoje em dia, o mais importante não é o passo, e sim, a pose.

Com base nessas considerações, não se deve conduzir a questão pelas noções de certo e errado, mas, pelas apreciações de adequado e inadequado, que são mais convenientes e exatos, porque refletem a prática da dança nos mais diferentes contextos sociais em que seus fazedores estão inseridos. Quando digo “chega de pinta”, me refiro ao estado em que se encontra a nossa dança, ao marasmo que tem se tornado a prática do frevo na maioria dos grupos e ambientes que lidam com o ritmo, e a inércia dos seus “professores” que se fazem de cegos, fingindo que isso é uma coisa natural e esquivando-se daquilo que necessita de questionamentos. Quem não concorda com as abordagens, tudo bem, eu respeito isso, no entanto, ninguém pode impor a defesa daquilo que não acredito. E isso é uma apreciação de quem vê no frevo a possibilidade de alcances mais amplos.

Das vezes em que me reportei sobre dançarinos robotizados do frevo, relacionei o passista que executa o que os outros sugerem ser a “moda” ou a “verdade” deles, como robôs que reproduzem os comandos dos seus donos. Se alguém em determinado momento faz um giro, salto ou um efeito corporal próprio, e se esse por sua vez for um “artista” que apresenta certa simpatia entre os seus colegas, a partir daí, todos os outros seguem na imitação, copiando seus modos, transformando as ruas e o carnaval num balé indistinguível que nos impulsiona a pensar que o frevo pode ser mais, ele é mais! É distinção, oposição, contrastes, é indescritível, é acima de tudo, plural sem deixar de ser individual.

Infelizmente, percebemos que ninguém está disposto a debater seriamente o ritmo. Para dar um exemplo, podemos citar a celeuma criada sobre um possível boicote no Concurso de Passistas de 2014. Muita gente falou, retrucou e nada. Chegaram até a criar uma página no Facebook para angariar adeptos para a causa. E o que assistimos? Apenas um dançarino se fazendo presente pondo sua fala realmente em prática. Isso é uma prova inquestionável da falta de comprometimento dos passistas com a sua arte. É por essas e outras que a classe não tem credibilidade para enfrentar suas demandas. Falta ação real, compromisso.

Não podemos esquecer também, que um dos mais tradicionais espaços de propagação do frevo na cidade, idealizado pelo grande Mestre Nascimento do Passo, está praticamente sucateado e esquecido. E em nenhum momento vi repercussão dos seus fiéis integrantes sobre o caso. Onde estão os tais fervorosos defensores das “pintas”? Por que eles não demonstraram sua revolta em favor da tal Escola? Fizeram o quê? Estão preocupados com o frevo ou com seus próprios umbigos? Enquanto isso, os bobos de plantão ficam a espreitar a próxima publicação com uma nova palavra ou expressão neologista, com o intuito de utilizar-se dela, para, novamente, desviar o assunto e chamar a atenção para si.

Sei que minhas opiniões não agrada muita gente, porém, isso nunca foi motivo de preocupação, pelo contrário, sinto-me estimulado cada vez mais ao perceber que as discussões, muitas vezes originadas no site dos Guerreiros do Passo, tomam as cabeças de certos “dançarinos”, apesar de que ainda seja para tratar os temas de maneira superficial e pouco profissional, todavia, já é um bom começo fazer pensar.
Por outro lado, fica claro também, que quem apresenta uma opinião mais contundente, não necessariamente preocupando-se em agradar com seus escritos os que se acham verdadeiros “baluartes” da dança local, acaba provocando certa antipatia entre eles.

Não sou o dono da verdade e nunca pretendo sê-lo, apenas, me sinto no dever de discutir o mundo artístico do qual faço parte e tentar contribuir de alguma forma com minha atuação e com o que escrevo. E isso nunca foi falta de ética! Quem não achar conveniente, que abra seu espaço e fale também, se pronuncie, deixe de omissão, pare de entrar nas conversas apenas quando é para a apresentação de discussões infantis e inúteis. Enquanto perdem seu tempo com conversas vãs e discursos tolos, o mundo transforma sua arte e se apodera dela de forma mais competente. É por essas e outras que continuo dizendo: CHEGA DE PINTA!
Eduardo Araújo
Radialista, fundador e coordenador dos Guerreiros do Passo