Publicado em
06 de novembro de 2015.
Artigo de opinião
A cada nova imersão
no universo da dança do frevo surgem questionamentos que necessitam ser investigados
e esmiuçados de uma melhor maneira no conjunto dos seus fazedores. E entre os
assuntos, um merece destaque atualmente: o
IMPROVISO. Sendo um tema que hoje em dia é quase impossível não ser tratado
na produção da dança moderna, entre bailarinos, coreógrafos e no meio
acadêmico.
A ideia deste texto
nasceu da necessidade de dar melhor vazão a um ponto específico da metodologia
do Mestre Nascimento do Passo, a qual os Guerreiros do Passo utilizam em suas
aulas no Projeto Frevo na Praça, no bairro do Hipódromo.
Como todos sabem, os
professores do grupo difundem bastante a importância do artifício
improvisacional do passista no ambiente da roda.
O que muita gente sugere, erroneamente, é que isso só é feito apenas nesse momento
particular, assegurando ser a única ocasião onde se vê na prática o trabalho de
improvisação que o grupo tanto propaga. O equívoco de entendimento traz à tona
discussões acerca da qualidade da metodologia do Mestre e sua importância como elemento
formativo para a dança do frevo.
Convivi com o Mestre
entre os anos de 1997 e 2008, sendo um dos seus discípulos, e nunca vi e nem
presenciei ensinamentos que tolhia a INTERPRETAÇÃO PESSOAL do dançarino. Pelo
contrário, o momento da “roda” era uma grande festa e um espetáculo de
distintas formas de fazer o passo. Lembro também de um fato que, inclusive, tem
reprodução atualmente no projeto desenvolvido pelos Guerreiros, que é o
estímulo dado à audição dos frevos, realizado com treinamentos específicos para
o aluno entender os diversos floreios e nuances característicos de cada composição.
Esse assunto sobre a audição da música, será melhor explicado mais adiante no
texto.
Antes de aprofundar
no tema, gostaria de ressaltar uma questão, a cerca do grau de improvisação alcançado
pelos alunos no Projeto Frevo na Praça, mantido pelos Guerreiros do Passo. É
preciso dizer que isso depende fundamentalmente de sua frequência e assiduidade
nas atividades do grupo, sendo também, fator preponderante para o seu progresso como
um todo na dança do frevo. Aqueles que visitam esporadicamente as aulas, muitas
vezes só como uma prática de atividade física eventual, talvez não ofereçam um
parâmetro razoável para uma análise qualitativa. Ou seja, participantes com
maior dedicação no Método, poderão receber de forma mais eficaz uma apreciação quanto
ao seu aperfeiçoamento nesta dança. Quem empreende esforço com constância pode
conseguir resultados satisfatórios. E naturalmente, o improviso é um
desdobramento desse comprometimento.
O aluno, antes de
chegar na roda, passa pelos 40
movimentos do Método, (Sistema de passos do frevo organizado pelo Mestre,
conectados de forma crescente em seu grau de dificuldade). O participante é
levado a exercitar a técnica em todos os encontros do grupo. O aluno vai descobrindo
seu ritmo, sua força, obtendo a devida coordenação motora. Por outro lado, o
grupo de professores avalia a aptidão, resistência corporal, e o nível
coreográfico, ajustando, quando necessário, a sequência do Método com constante
apelo de criatividade na condução das aulas. As adaptações visam atingir de
maneira razoável todos os envolvidos no projeto, sem desvirtuar, claro, da obra
do Mestre Nascimento.
O comando repetido dos
movimentos da metodologia nas aulas, que para alguns parece maçante e tediosa,
é a maneira que Nascimento do Passo encontrou para produzir resultados nos seus
discípulos. Segundo a passista e professora Lucélia Albuquerque:
““...
quando se fala da dança e seu ensino, acreditamos que é necessário sim um
mínimo de organização, intencionalidade, objetivo.
Não necessariamente a palavra “comando”
quer dizer “limitação”, “aprisionamento”. (Fragmento de comentário
extraído de página na internet:
https://oespacodopasso.wordpress.com/2013/05/07/sobre-frevo-e-gaiolas/#comments)
O diálogo no ambiente
de ensino muitas vezes não precisava acontecer em intervalos específicos. O
contato do professor com o aluno ocorria e ocorre hoje, por meio de uma
aproximação no andamento das atividades. Um “toque” rápido aqui e acolá para que
ele possa entender como fazer melhor, perceber se os braços e o Pontinha de pé necessitam de uma maior
energia, ou deve fazê-lo mais lento ou mais acelerado. Como se dá as alterações
nos diversos planos de execução dos passos, se se faz um movimento como a Tesoura ou o Pisando em brasa em plano médio, e como mudar para um plano baixo
para fazer o Tesourão ou Plantando mandioca, de que maneira
interligá-lo a um salto ou giro no ar, por exemplo. Essas orientações fazem
parte da aula e estão intrínsecas na metodologia do Mestre, inclusive, no que ele convencionou chamar de Famílias dos Passos
(conjunto de movimentos conectados com ligação lógica).
O compromisso com o
fazer bem feito o movimento é notório nos professores, por isso, a preocupação
permanente de se observar a execução do passo, por exemplo, se os ombros do
passista devem ficar arqueados ou esguios; como fazer as transferências de peso nos
descolamentos laterais; se os artelhos deverão ser trabalhados naquele instante
ou não, isso tudo, é claro, preocupado ainda com a preparação física do aluno, se
ele suporta um pouco mais de carga de exercícios, ou deve parar e retomar em
seguida, se a exaltação dele está impulsionando-o a fazer determinada acrobacia,
correndo o risco de comprometer suas articulações e estruturas ligamentares. E
ai reside a importância da metodologia de Nascimento do Passo, comparada a
outras maneiras de trabalhar o frevo na cidade, possibilitando um amplo estudo
desta dança e um facilitador para o aprendizado da mesma. Afinal, o frevo não é
só alegria e brincadeira. É preciso ter responsabilidade com os corpos dos
participantes, incluindo jovens, crianças e até idosos, que necessitam de um
olhar específico em relação às suas estruturas corporais e limitações físicas.
Nos Guerreiros, assim
como acontecia nas aulas do Mestre, o estímulo ao personalismo do dançarino é
uma constante. Todos são levados a despertar unicidade em sua exibição, nada de
copiar fulano ou sicrano. Confesso que na Praça do Hipódromo, onde realizamos as atividades
do grupo, nunca aconteceu de alguém sentir-se influenciado a imitar os
trejeitos de outro colega, mas, já houve casos quando ministrávamos aulas na
Escola Municipal de Frevo, nos tempos áureos de Nascimento, mas logo em seguida
era rapidamente resolvido.
E a roda, mostrada no Método na parte final dos trabalhos, é a ocasião em que é possível vislumbrar o que o aluno apreendeu e
introjetou durante algumas semanas em contato com os instrutores do Projeto. Podemos
analisar neste momento, a desenvoltura do participante e se ele apresenta
alguma dificuldade ou até inibição que o desestimule a se soltar. Se a
velocidade de sua dança condiz com o andamento do frevo executado. Perceber
também, o seu estilo, buscando entender sua propensão a grandes saltos/pulos ou
a graciosos agachamentos, ou até mesmo a combinação desses estilos. Isso ainda,
sob o olhar atento de passistas mais experientes que permanecem interagindo no
recinto, incentivando e revezando-se entre os alunos, buscando manter a
empolgação e o entusiasmo da roda. É o instante de registrar os primeiros movimentos
do passista rumo ao caminho que ele irá percorrer, estimulando sua busca por um
trajeto particular e singular no frevo. Momento crucial para observarmos as
habilidades de um provável improvisador.
Não adianta querer
participar de duas ou três aulas, ler livros sobre “Contato Improvisação” e
desejar que as transformações façam efeito. Um bom improvisador tem domínio proporcional
à sua experiência no frevo. O problema é que muita gente mantém um olhar
distante do ritmo, e vive a incorporar conceitos de dança contemporânea, entre
outras, adotando modelos e técnicas que muitas vezes não se enquadram nas
atividades propostas, justamente por que não foram concebidas para este gênero
artístico.
Certa vez surgiu um
questionamento: como esperar que
passistas demonstrem características coreográficas singulares na roda, se as aulas dos Guerreiros são “padronizadas”?
(a expressão “padronizada” aqui foi atribuída à repetição dos 40 movimentos iniciais
da metodologia do Mestre). Buscarei fazer um
comparativo um pouco mais próximo da realidade para tentar expor de forma mais
clara a questão. Utilizando o exemplo do futebol, observamos que no treinamento
dos jogadores, a comissão técnica do time realiza repetidas vezes, práticas de
fundamentos e preparação física com o seu elenco. Pois bem, no dia do jogo
oficial, as atividades em regra não restringem a capacidade criativa presente
nos atletas. Neste caso, os treinos servem de aprimoramento das habilidades já reconhecidas
nos jogadores. Quando o trabalho de preparação não acontece de modo como foi planejado,
o risco é a diminuição dos resultados esperados. Portanto, trazendo o modelo
para o universo do frevo, a forma como é esquematizada a parte preparatória das
aulas, não reduz a liberdade de ser livre na roda. Pelo contrário, dá respaldo para aperfeiçoar tais aptidões.
O improviso na dança
do frevo é desencadeado, sobretudo, pelo acumulo do repertório coreográfico que
o dançarino adquire no processo da aprendizagem e da maturidade de suas
habilidades. É quase impossível dizer que, no frevo, o improviso pode ser
alcançado naturalmente por qualquer participante, sem que para isso seja necessário
conhecimentos mais avançados. Ai vem à pergunta... Por que então não se dá a
possibilidade ao indivíduo de chegar lá de forma mais rápida? Respondo fazendo
outra indagação... Para quê? É possível desenvolver estilo próprio em poesia
sem ao menos o autor ter um domínio suficiente da escrita? É primordial ter
dedicação e tempo para as aquisições começarem a fazer o efeito desejado. Há passistas que
chegam aos espaços das aulas já querendo improvisar, buscando mostrar um
“jeitão” particular em suas apresentações, sendo regidos muitas vezes por um
impulso exibicionista, sem ao menos ter a preocupação primeira de internalizar
informações elementares do ritmo.
Digam-me, improvisar
é, por exemplo, juntar elementos do Cavalo-Marinho,
do Passinho do Rio de Janeiro ou do Balé clássico ao passo? Creio que seja bem mais do que isso, no entanto, já pude
assistir “profissionais” propondo algumas interações exóticas, que muitas vezes
mostram-se inconsistentes e pouco criativas. Vale salientar que a minha preocupação
não é com amálgamas rítmicos, e sim, com uniformizações propositais que
empobrecem o frevo.
Outro aspecto a ser
levado em consideração, é a diferença entre a improvisação e a “munganga”. A
habilidade de improvisar no passo é diferente daquilo que se vê comumente num
“mungangueiro”, que apesar de em certo momento chamar a atenção pela forma curiosa
de apresentação, caracteriza-se mais como uma saída para a sua pouca
experiência ou incapacidade de assinalar passos mais elaborados. E não adianta
querer usar trajes pouco comuns para se destacar perante o público, semelhantes
aos utilizados pelos Guerreiros do Passo. O figurino não pode encobrir aquilo que
o corpo não expressa. Evidentemente, existem passistas e foliões com tais propriedades
de “mungangar”, porém, sendo isso a extensão de suas qualidades inatas e de seu norral
artístico. São raros, mas existem.
Então, como explicar
o porquê de dançarinos com longa vivência no frevo não apresentarem
características singulares em sua dança? Justamente porque tais passistas
negligenciam conceitos que os colocariam num lugar único, os individualizariam
ante a tantos outros iguais. No mínimo, por ingenuidade, esses passistas acabam
sendo influenciados por ideias cristalizadas de certos “professores” e pseudos
“mestres”, que não acrescentam em nada, pelo contrário, põem o frevo equivocadamente
no lugar de uma dança de movimentos limitados e preestabelecidos.
Não é difícil observar que
alguns dançarinos quando estão fora do compromisso da exibição profissional,
levam para os seus momentos de descontração no carnaval, e em demais ocasiões, as
mesmas “sequências” e características do trabalho realizado nos seus grupos de
origem. São os chamados robôs do passo,
assunto que já foi tratado em texto anterior neste site. E lá, neste texto,
chamo a atenção sobre a tendência de padronização no frevo, todo mundo faz os
mesmos passos, do mesmo jeito, as apresentações parecem ser todas iguais. Contrariando
isso, o escritor e
folclorista natalense Luís da Câmara Cascudo, disse certa vez: "No mar do frevo, cada
peixinho nada de seu jeito”.
Fazer o passo, e,
principalmente, improvisar, é ter a capacidade de soletrar palavras em forma de
movimentos, é compor frases, escrever linhas inteiras de modos e gestos
próprios. Tem haver com aquilo que trazemos de memória pessoal, do que achamos
da vida, pensamentos e potencialidades que entram em contato com o mundo exterior,
e o que permitimos internalizar daquilo que vem de fora. E quanto mais
exercitarmos, a dança irá se tornar cada vez mais natural e espontânea. Digo,
improviso em frevo é como um recurso virtuosi
do executor, de sua bagagem de conhecimentos e expressividade. Talvez
podendo ser comparado aos arranjos de um buliçoso frevo de rua, mas, só um bom
músico, conhecedor apurado de composição pode fazê-lo com maior primor. O
resto é intenção de mostrar ao público aquilo que na verdade não inspira
consistência.
E por falar em frevo
de rua, não podemos esquecer de fazer referência a um tópico em especial no
treinamento do passista: a AUDIÇÃO DO FREVO. A música é, essencialmente, um
componente de destaque no exercício do passo.
Se formos quantificar sua importância diria que constitui 50% de tudo que é
realizado. Na verdade, é a complementação dos gestos e movimentos executados. É
nela que encontramos esteio e inspiração para buscar acrescentar emoção e empolgação na dança. Nascimento do Passo já repetia: “O passista é o instrumento fora da orquestra”, complementam-se. O
próprio Mestre estimulava seus alunos a perseguirem as diversas orquestras
pelas ruas históricas de Olinda e Recife, sabendo ele, que esses encontros festivos
do frevo, ofereciam uma ótima oportunidade para o treinamento dos ouvidos e dos
pés dos passistas.
Segundo o Maestro
Guerra Peixe, estudioso musicista que pesquisou o ritmo e o carnaval pernambucano
por alguns anos, ao fazer referência ao passo do frevo, disse:
"...
e aí encontramos um fenômeno único na música popular brasileira. É a única
dança em que o dançarino dança a orquestração. Cada volteio de um instrumento é
acompanhado por um passo ou uma firula (volteio, rodeio) do passista. É uma
dança individual, com a maioria dos passos tradicionalizados, mas que cada um
executa a sua maneira". (Dantas.
Leonardo. Fragmento de texto publicado no Jornal do
Commercio, Recife, em 31.03.2007).
Então, como “dançar
na música”?
Incorporar a musicalidade
do frevo ao seu passo não é uma
tarefa fácil, haja vista o que temos notado por ai nas ruas e em apresentações do
gênero. Todavia, não deve ser assim: Vai
lá, dança no frevo! É preciso, sobretudo, empenho. Em termos práticos, e
para entender melhor as diversas peças instrumentais do ritmo, o frevo-de-rua ou canção são basicamente compostos
de perguntas e respostas, de notas curtas e longas, de paradas (breck), de
sequências lentas e rápidas, de “contrastes bruscos”, e são nessas linhas
características do ritmo que os bons compositores, como: Levino Ferreira,
Zumba, Carnera, Lourival Oliveira, Toscano Filho, Eugênio Fabrício, Edson
Rodrigues e Nelson Ferreira, entre outros, direcionam suas atenções. E o
passista deve igualmente mirar seus ouvidos nesses aspectos, independentemente
se são gravações antigas ou novas, variações ou até arranjos criados sob a
influência do jazz. O passista deve entender em que momento responderá às
mudanças súbitas da composição, ou a um rompante mais vigoroso de um arranjo.
Se tem sentido executar saltos num determinado andamento do frevo, se a música
está sugerindo isso (pedindo) ou não. Se uma série de movimentos deve ser
quebrada em detrimento a um acorde mais cadenciado, e assim por diante.
No frevo, para
improvisar, além de tudo que foi relatado acima, é indispensável escutar. Só um
passista com a audição razoavelmente treinada pode transformar em êxtase aquilo
que apreende os seus ouvidos. Ainda segundo Guerra Peixe, em texto publicado em
1959, escreveu:
“...
os clubes contratam numerosos músicos, especialmente trombonistas, e com eles
realizam ensaios primeiramente internos, e depois externos, a fim de que
músicas antigas sejam recordadas e as últimas novidades sejam aprendidas pelos
dançadores. Esses ensaios proporcionam o treinamento de passistas e, vale
ressaltar, estes dançam não somente as marchas em si, mas dançam as melodias e
as respectivas orquestrações, pois são as melodias e orquestração que sugerem
os passos. Ritmo, melodia, orquestração e passo formam um todo na dança do
frevo.”
(A Gazeta – São Paulo, 26 de dezembro de
1959).
Conhecer
bem o frevo e estar atento aos seus diversos segmentos instrumentais, não
apenas à sua marcação percussiva, é fundamental para o treinamento da audição,
e isso, junto ao exercício de variados passos, constitui um todo que será
decisivo para o passista imergir na dança do frevo, e até criar seus próprios movimentos, de maneira que poderá posteriormente escrever suas expressões e partituras
corporais, transformando-se num dançarino notável, sem igual, único
entre muitos. E a importância cultural e histórica do trabalho de Nascimento do Passo com a dança pernambucana
e a atenção que ele deu às suas especificidades, como é o caso do Improviso, é
de extrema necessidade salvaguardá-lo para outras gerações. E esse é o
compromisso dos Guerreiros do Passo desde a sua fundação, disseminar sua arte a
crianças, jovens e adultos, a praticarem uma dança que além de ser surpreendente,
liberta, convida, arrasta, e acima de tudo, particulariza a presença do passista no seu espaço de atuação.
Certamente fazer reflexões
num artigo sobre o ato de improvisar no passo, talvez seja pouco eficaz para a
implementação dos conceitos apresentados. O que seria mais conveniente, é fazer
o convite aos interessados a visitarem o espaço de atividades dos Guerreiros para mergulhar nesse rico universo da metodologia do Mestre Nascimento, estabelecendo
um diálogo constituído sobre o seu legado cultural, e evitando com isso,
que um olhar simplório e distante venha a desvirtuar e/ou tirar conclusões precipitadas
sem ao menos o indivíduo ter uma experiência razoável dentro dessa técnica.
Por outro lado, determinar
qual o lugar de onde deva permanecer o frevo, seguramente é um erro. E a
intenção aqui não é definir “verdades absolutas”, ou ratificar uma opinião
pessoal sobre aquilo que acredita ser o frevo “original” e “autêntico”. Abrir
discussões sobre as padronizações que a atual globalização impõe a nossa
cultura, talvez possa ser um caminho. Globalização essa que coloca as
manifestações populares num mesmo lugar, onde as vontades, os gestos, linguagens
e tradições do povo permaneçam num ambiente hermético, fechado, folclorizado,
perdendo gradativamente a importância de suas riquezas artísticas e culturais.
Dessa forma, fica
aqui a sugestão para o aprofundamento das discussões a respeito desse precioso tema, que é o Improviso no
Passo, e de outras ideias, visando a construção de um debate mais amplo, para
que o assunto em questão seja bem mais estudado não só na teoria, mas no dia a dia
dos seus fazedores, e numa prática fundamentada na vivência e não somente no
desejo mesquinho de querer ter algum reconhecimento dentro do frevo, sem estar minimamente embasado sobre a história do ritmo, do Mestre Nascimento do Passo e do seu Método.
Viva
o Frevo!
Eduardo Araújo
Radialista, fundador e coordenador dos Guerreiros do Passo