A preocupação em manter a tradição, e criar mecanismos
de investigação que possibilitem a experimentação e a devida adequação de
conhecimentos coreográficos perdidos na história da dança do frevo, norteou
inicialmente a ideia de criação do Laboratório do Passo, que promete
dar uma agitada nas instituições e escolas que mantém oficinas com aulas do
ritmo.
A ação, inédita, pretende promover o resgate de alguns
passos esquecidos na história do
frevo, e estimular a prática de movimentos clássicos desta dança que estão
praticamente extintos das ruas do Recife. Para dar um exemplo, são transcritos a seguir alguns
passos ocultados pelo tempo: Urubu baleado; Cortando jaca; Escamado;
Mulher carregando menino; É de bandinha, Currupio; Frango assado; Calçamento
novo; Fogareiro; Mete os peitos; Galo-de-terreiro; Passo do jocotó; Passo do
caranguejo; Passo do Siricongado.
Serão contemplados também movimentos que são conhecidos
na atualidade, mas, praticados apenas por alguns passistas, inclusive,
movimentos que fazem parte do Método criado pelo Mestre Nascimento, a exemplo: Folha
seca, Enxada, Alicate, Chave de cano, Britadeira em movimento, Serrote, Tesoura
em retrospecto, Ponta de pé e calcanhar em baixo, tesoura em baixo, Apertando a
Porca e outras variações.
Os trabalhos não irão girar apenas em torno de passos
antigos. Nas práticas, também serão abertos diálogos em torno da possibilidade
da criação de passos novos, sendo isso pertinente, e se houver por parte dos
profissionais envolvidos, o reconhecimento da necessidade de fazê-lo.
Aspectos intrínsecos do Método Nascimento do Passo, também
serão abordados, especificamente as modalidades, famílias e variações, no
intuito de aplicá-los à análise e desdobramento dos movimentos antigos e atuais,
e suas possibilidades de releituras corporais.
Além do auxílio dos próprios profissionais dos
Guerreiros, serão convidados professores e outros dançarinos com reconhecida
experiência no frevo, para assessorar na tarefa de desvendar ou mesmo sugerir
novas formas que possam facilitar o aprendizado e o repasse posterior dessas informações.
Serão analisadas também, as narrativas populares de dançarinos, passistas,
mestres de capoeira e foliões, gerando subsídios e contribuindo para alimentar
o Laboratório.
Desta forma, o Guerreiros do Passo visa estimular a
busca, a percepção e o estabelecimento de um espaço para criações, exames, testes,
descobertas, novidades e treinamentos que englobem o significado real da
palavra laboratório, neste caso, o Laboratório
do Passo.
Por que criar o
LABORATORIO DO PASSO?
Na verdade, a ideia surgiu da coordenação do grupo,
que sentiu a necessidade de refletir sobre o porquê, o frevo, apesar dos muitos
relatos de mais de 100 passos existentes, na prática, em espetáculos ou mesmo
nas ruas, só é possível visualizar em geral 20 ou 30 desses movimentos. Ao longo
dos anos, o convencionalismo de alguns profissionais, e a dificuldade gerada em
torno da execução de certos passos, somando a intenção de incluir nas
coreografias só os movimentos mais plasticamente atraentes, contribuíram para
que fossem deixados de lado diversas piruetas, giros e saltos basilares desta
dança, que hoje estão praticamente desaparecidos, especialmente no carnaval.
O que podemos esperar do
LABORATORIO DO PASSO?
A finalidade do Laboratório não é rebatizar nomes ou
identificar quem criou esse ou aquele passo, nem tão pouco criar método de
ensino. Todo e qualquer enfoque trará o propósito da sensibilização e do
encorajamento para a prática de passos não mais executados atualmente na dança
do frevo, sem prejuízo ou deturpação dos que hoje existem. Serão respeitadas
rigorosamente a tradição e a narração histórica das informações levantadas.
Naqueles casos em que não for possível saber a denominação ou a origem do
movimento, serão geradas alternativas em consenso para referenciar esse ou
aquele caso em especial.
Duração e como
acontecerá o Laboratório do Passo?
A intenção do grupo é tornar as oficinas permanentes,
acontecendo pelo menos uma vez em cada mês, dentro das atividades do Projeto
Frevo na Praça no bairro do Hipódromo. Será aberto um espaço, destinando
60 minutos para estudos, conversas, trocas, destacando experiências dos envolvidos,
experimentando técnicas e informações proporcionadas por eles.
Os encontros possibilitarão a oportunidade de
aproximação de passistas, foliões, carnavalescos e dançarinos dos mais diversos
estilos e escolas, todos envoltos numa mesma finalidade: tirar a poeira de
conhecimentos característicos da dança do frevo, salvaguardando-os não apenas
em um museu, mas, no pensamento e nos pés do nosso povo.
Realização
Maravilha de idéia, Guerreiros!
ResponderExcluirQue antigos e novos passos tomem conta dos pés e das ruas.
Sucesso nesse novo projeto.
Parabéns pela iniciativa.
Honório.